Mergulha por Cascais
Projeto criado em 2021 onde são organizadas oito limpezas subaquáticas na Baía de Cascais entre o final de Abril e o início de Outubro. Nestas limpezas contamos não só com o apoio da comunidade piscatória de Cascais (que realiza o transporte dos mergulhadores para a zona de limpeza) mas também contamos com o apoio de diversos tipos de voluntários:
- Mergulhadores: recolhem durante aproximadamente 1h lixo debaixo d’água;
- Stand-Up-Paddle: transportam lixo e/ou equipamentos de mergulho para terra e mantêm o perímetro de segurança;
- Terra: verificam a presença de vida marinha presa nos detritos e separam, pesam e contabilizam o lixo recolhido.
Os dados de cada limpeza são partilhados na plataforma internacional PADI Dive Against Debris, de forma a contribuirmos para o mapeamento global da poluição marinha. O projeto visa também dar oportunidade aos jovens do concelho que queiram ser parte ativa na remoção do lixo, integrando a equipa de mergulhadores voluntários.
Candidata-te a uma bolsa de mergulho!
O Mergulha por Cascais promove a atribuição de bolsas de mergulho anuais para o Curso PADI Open Water Diver com uma comparticipação de 80%. As bolsas destinam-se a jovens entre os 18 e os 30 anos residentes no concelho de Cascais que tenham interesse em integrar a nossa equipa de mergulhadores voluntários e que possam participar em pelo menos cinco limpezas subaquáticas.
Requisitos das candidaturas
As candidaturas implicam que o seguinte formulário seja preenchido e os documentos abaixo enviados:
- Compromisso de honra preenchido e assinado;
- Carta de motivação onde explicas o teu interesse em participar no projeto e o porquê de seres um bom candidato;
- Cópia do cartão de cidadão (frente e verso);
- Questionário médico preenchido e assinado;
- Comprovativo de residência no concelho de Cascais.
Para mais informações sobre as bolsas de mergulho consulte o nosso regulamento.
Vê o vídeo para aprenderes mais sobre este projeto!
Calendarização 2025
Do Lixo à Arte
“Tempus Fugit” – a escultura do artista Fiumani
Inaugurada a 7 de dezembro de 2024 a Escultura “Tempus Fugit”, que se encontra junto à entrada da Praia do Peixe, na Baía de Cascais, foi criada com lixo recolhido ao longo das limpezas subaquáticas realizadas durante a 4.° edição do projeto Mergulha por Cascais.
A obra de arte interativa do artista Fiumani, com espelhos no exterior e lixo marinho no interior, propõe uma reflexão profunda sobre a beleza superficial dos oceanos e os graves problemas ambientais que eles enfrentam. A peça é composta por dois elementos contrastantes: um lado externo que reflete uma imagem límpida e cintilante, simbolizando a beleza superficial dos mares, e um interior, que revela a dura realidade do lixo marinho acumulado, multiplicado através de um efeito visual que parece estender-se infinitamente.
A Beleza Externa: O Reflexo da Superfície
No exterior, a obra é revestida por espelhos que capturam e refletem o ambiente à sua volta. Esta superfície brilhante e reluzente transmite uma sensação de perfeição e harmonia, evocando a beleza do oceano quando visto à distância. No entanto, este reflexo serve também como uma metáfora para a forma como muitas vezes idealizamos o mar, sem pensarmos na sua realidade mais complexa e perturbadora.
O Interior: O Infinito do Lixo Marinho
Quando o espectador se aproxima e olha para dentro da peça, uma outra realidade se revela. O interior é preenchido com lixo marinho, um acumulado de resíduos plásticos e outros materiais que os seres humanos têm lançado para os oceanos ao longo dos anos. Ao olhar mais de perto, os espelhos dispostos de forma estratégica criam um efeito multiplicador, fazendo com que o lixo pareça infinito. Esta ilusão de um oceano sem fim de resíduos transmite uma sensação angustiante e desesperante, como se o problema da poluição marinha fosse irreversível e sem fim.
A Mensagem: A Contradição Entre Aparência e Realidade
A obra de Fiumani força-nos a refletir sobre a disparidade entre a aparência idílica dos oceanos e a realidade dura que se esconde nas suas profundezas. A beleza refletora da superfície do mar, simbolizada pelos espelhos externos, é contrastada pela imensidão de lixo e degradação ambiental presente no seu interior. Ao fazer uso da interatividade, Fiumani convida o espectador a mergulhar literalmente na obra, ampliando a reflexão sobre o impacto humano no meio ambiente.
Tempus Fugit: O Tempo Refletido na Arte
Uma característica intrigante da obra é a inscrição da frase tempus fugit no interior da obra e que dá o nome à mesma. Ao contrário da beleza superficial do mar refletida nos espelhos externos, o tempo – que, como o lixo, se acumula e se reflete infinitamente nos espelhos internos – nos lembra da fugacidade da ação humana sobre a natureza. Tempus fugit – “o tempo foge” – está colocado estrategicamente no interior da obra, como uma espécie de aviso sutil: enquanto o espectador contempla a beleza refletida no exterior, ele é confrontado com a efemeridade do tempo que passa e com as consequências das suas ações no mundo natural. O lixo marinho, refletido e multiplicado pela infinidade dos espelhos internos, ganha uma nova dimensão, simbolizando não apenas a degradação do meio ambiente, mas também o tempo perdido e as oportunidades que escaparam sem ação efetiva.
Esta adição da frase tempus fugit no coração da escultura coloca o tempo como um elemento central na experiência do espectador. Enquanto observamos o reflexo do lixo em uma espiral infinita, somos chamados a refletir sobre o tempo perdido na inação ambiental e a urgência de responder às crises ecológicas antes que o dano se torne irreparável.
A obra não reflete apenas sobre a poluição marinha, mas também desafia-nos a refletir sobre as nossas ações enquanto sociedade. Ao olhar para o lixo marinho multiplicado infinitamente nos espelhos, somos convidados a questionar a nossa relação com a natureza e a urgência de agir para preservar a saúde dos nossos mares. O oceano, que por tanto tempo foi visto como uma fonte inesgotável de recursos e beleza, está agora, de forma simbólica, a “refletir” os danos que causámos ao longo do tempo. O tempo foge, e com ele, as nossas oportunidades de salvar o que ainda podemos.
A Escultura Mergulha por Cascais é uma iniciativa da Associação Claro e da Junta de Freguesia de Cascais e Estoril.
“A escultura, de grande impacto visual, é um símbolo poderoso do compromisso da Junta de Freguesia de Cascais e Estoril com a preservação ambiental e a consciencialização sobre a poluição marinha”, sublinha o Presidente da Junta de Freguesia de Cascais e Estoril, Pedro Morais Soares.